domingo, 29 de julho de 2012

"Transponho a ponte, desdobro-me para contar a todos a transformação"...


Descoberta

Célia Laborne Tavares

Perdida entre a multidão, como flor-de-areia, semi-liberta, vinda ao mundo para procurar; descubro-me. Transponho a ponte, desdobro-me para contar a todos a transformação.

Vinda da nebulosidade, da luta e do cansaço, percebo que é claro o despertar. Vinda da noite, sem estrelas, toco o clarão da lua e sei que a madrugada não tarda. O chão de violetas prateou-se, e a paisagem é de imponderabilidade, de leveza, de susto pelo inesperado do esplendor.

Cedo a Terra nos germina e, em nós, nada se salva senão a luz que emerge do grande abismo, para o grande horizonte. Nada é permanente a não ser o desdobrar e o acordar a cada novo portal, e maravilhar-se pelo continuar.

Perdida como flor do medo e da luta, descubro um dia a identificação com o infinito e a transformação começa então. Caem os obstáculos, as belezas se externam, os apegos se desfazem. Na grande solidão que marca o real conhecimento, os valores são mudados, os alicerces reforçados e as expressões claramente marcadas.

Já sem palavras, chega-se à aurora, já sem forma de comunicação concreta, procura-se trazer as últimas mensagens como se ainda se tentasse transmitir o informal e o indescritível.

Há tempo de falar e tempo de calar. Nesse silêncio começa a si infiltrar e, dentro dele, vamos ser amigos da distância, da luz e da beleza do alvorecer.

Há tempo de chegar e de se despedir. Nosso tempo de permanência vai-se consumindo em palavras adormecidas no estoque do tempo que nos pertence. Começa-se a amanhecer e percebe-se que outra aurora deve ainda renascer.

Já não se sabe como reprimir ou ignorar tanta beleza. Tanto crescer e desdobrar-se vindo do interior. Como rio que transborda ou maré que avança, como o eclodir da planta em plena primavera, sucedem-se os encantamentos. É tão alto o canto da Vida e a magnífica presença é tão forte que já não se suporta apenas a vivência, é preciso também a manifestação, a comunicação.

As internas fronteiras se dilatam como o hino a reboar em infinitos horizontes, num alargamento de paz e integração. Violento crescer do botão, em terra fertilíssima. As germinações da luz transcendem a humana expectativa do contato único e brotam  transbordamentos além do sentir, do ver e do ouvir.

A voz transmite a onipresença no Verbo criador, em amorosa e majestosa canção. E o canal por onde jorra a luz também se ilumina. Momentaneamente, um rastro de alvorada se instala, e a mente pára e se assombra, ante a intraduzível beleza que eleva e enleva.

Recebido por e-mail da autora. Conheça o seu Blog Vida em Plenitude, clicando aqui.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Meu Dia Fora do tempo...


E, Eu encontrei com Todos Vocês... em Mim...


As Sete Direções Galácticas


Desde a Casa Leste da Luz
Que a Sabedoria se abra em aurora sobre nós
Para que vejamos as coisas com claridade.

Desde a Casa Norte da Noite
Que a Sabedoria amadureça entre nós
Para que conheçamos tudo desde dentro.

Desde a Casa Oeste da Transformação
Que a Sabedoria se transforme em ação correta
Para que façamos o que tenha de ser feito.

Desde a Casa Sul do Sol Eterno
Que a ação correta nos dê a colheita
Para que desfrutemos os frutos do ser planetário.

Desde a casa superior do Paraíso
Onde se reúne o Povo das Estrelas e os Antepassados
Que suas bençãos cheguem até nós agora.

Desde a Casa Interior da Terra
Que o pulsar do coração de cristal do Planeta
Nos abençoe com suas harmonias
Para que acabemos com as guerras.

Desde a Fonte Central da Galáxia
Que está em todas as partes ao mesmo tempo
Que tudo se reconheça como Luz de Amor Mútuo.

Evan Maia E Ma Ho*

* A Paz da natureza e do Cosmos seja em Todos e em cada Um



Las Siete Direcciones Galácticas

Desde la casa Este de la Luz
la sabiduría se abre en aurora sobre nosotros
para que veamos las cosas con claridad.

Desde la casa Norte de la Noche
la sabiduría madura entre nosotros
para que hagamos la voluntad de la existencia.

Desde la casa Oeste de la transformación
que la sabiduría se transforme en acción correcta
para que hagamos lo que haya que hacerse.

Desde la casa Sur del Sol Eterno
la acción impecable nos da la cosecha
para que disfrutemos los frutos del ser planetario.

Desde la casa Superior del Paraíso
donde se reúne la gente de las estrellas y
nuestros antepasados
sus bendiciones llegan hasta nosotros ahora.

Desde la casa Interior de la Tierra
el latido del corazón del cristal del planeta,
nos bendice con sus armonías
para que ( por ejemplo : pongamos fin a las guerras y …)

Desde la Fuente Central de la galaxia
que está en todas partes al mismo tiempo
todo se reconoce como luz de amor mutuo.

Evan Maya e ma Ho*

* Sea la paz de la Naturaleza del Cosmos en Todos y en cada Uno.
(¡Salve la armonía de la mente y la naturaleza!)



The Seven Galactic Directions

From the East, House of Light,
may wisdom dawn in us so
we may see all things in clarity.

From the North, House of Night,
may wisdom ripen in u
 so we may know all from within.

From the West, House of Transformation,
may wisdom be transformed into right action,
so we may do what must be done.

From the South, House of the Eternal Sun,
may right action reap the harvest
so we may enjoy the fruits of planetary being.

From Above, House of Heaven,
may star people and ancestors be with us now.

From Below, House of Earth,
may the heartbeat of her crystal core
bless us with harmonies to end all war.

From the Center, Galactic Source,
which is everywhere at once,
may everything be known as the light of mutual love.

Oh Yum, Hunab Ku, Evam Maya E Ma Ho!*

* Oh mother, source - the harmony of mind and nature.

domingo, 22 de julho de 2012

Os Três Porquinhos: "As ideologias que ensinamos às crianças"...

As ideologias que ensinamos às crianças...

Ligia Deslandes

Hoje, fiquei tentada pelo meu filho de 25 anos a escrever sobre a consciência política e os valores das novas gerações. No caso, as nossas crianças e os nossos jovens e adolescentes. Sou mãe de quatro filhos e avó de dois netos. Fora isso, sou sindicalista e professora! Além disso, promovo um projeto cultural de dança voltado a jovens e adolescentes.

No bojo de tudo isso o que estou tentando fazer é empreender esforços para que crianças e jovens possam ter uma educação de qualidade. A qualidade não da informação, que isso hoje existe aos borbotões, de várias nuances e com vários significados, mas, a qualidade da formação política, da consciência cidadã, a educação descolonizada, que nos falta a muitos.

Meus professores universitários foram importantíssimos para ajudar a despertar em mim o que já existia desde tenra idade, mas, meus professores da escola básica, esses, foram fundamentais junto com meus pais a me incutir os valores e crenças sociais. Daí, entendo por que os professores da escola básica são tão desvalorizados em seus salários pelos Governos. São eles que irão padronizar as mentes e corações nas crenças despolitizadas, colonizadas e subalternas através das inúmeras mensagens e ensinamentos que se produzem nas escolas. E serão apoiados pelas famílias que produzem em suas casas as mesmas mensagens e os mesmos conhecimentos. Ou não! Daí os conflitos...

Mas, voltando ao meu filho, que foi quem me provocou a fazer esse texto, reproduzo aqui a história que ele contou a seu filho, meu neto, dos Três Porquinhos. Confesso que fiquei orgulhosa da inovação dele e vivenciei de outra forma (como se não soubesse) a responsabilidade que os pais tem nas crenças dos filhos.

"Era uma vez um lobo solitário que queria muito ter amigos. Nas suas andanças procurando um amigo encontrou um porquinho que vivia numa casa de palha. O porquinho olhou o lobo pela janela e ao ver sua aparência, preto, alto, forte, uma boca enorme e cheia de dentes, ficou desconfiado e não abriu a porta.

O lobo gritava para o porquinho. Eu quero ser seu amigo! Eu quero ser seu amigo! E de tanto gritar e por ser forte e grande, a força de seu grito fez desmoronar a casa de palha do porquinho que já estava discriminando o lobo por sua aparência, mais assustado ainda ficou e fugiu. O lobo foi atrás do porquinho gritando: Eu quero ser seu amigo!  Eu quero ser seu amigo!

O porquinho entrou na casa de madeira de seu irmão e lá ficou. O irmão do porquinho olhou o lobo e julgando-o como seu irmão pela aparência não abriu a porta! O lobo continuou a gritar: Quero ser seu amigo! Quero ser seu amigo! E de tanto gritar e seu grito era forte, derrubou a casa de madeira do irmão do porquinho, que abrigava os dois porquinhos que também não tinha alicerces como a casa de palha. Os dois porquinhos fugiram para a casa de tijolos de seu outro irmão e o lobo foi atrás, sempre gritando: Eu quero ser seu amigo! Eu quero ser seu amigo!

O terceiro irmão também discriminou o lobo pela sua aparência e não deixou ele entrar na casa. E o lobo continuou gritando. Depois de algum tempo, começou uma chuva torrencial. E o lobo lá fora gritando: Eu quero ser seu amigo!

Só então, os porquinhos admirados pela constância do lobo em continuar ali gritando na chuva, resolveram sair para saber o que ele queria. Ouviram então o lobo emocionado dizer: Eu quero ser seu amigo! Juntos podemos mais!

Ainda desconfiados, chegaram perto do lobo, que todo molhado os abraçou e só então, só então mesmo, eles deixaram o lobo entrar na casa. E dali em diante lobo e porquinhos se tornaram amigos inseparáveis cada um fazendo o que sabe para tornar a vida na floresta um pouco melhor."

Vou restringir aqui os comentários do meu filho com o filho dele a respeito da história. Pois, ele tece comentários junto com o texto. Ah, esse meu neto só tem 10 meses. Mas, segundo ele presta muita atenção a história e só dorme quando ele termina. Vou restringir também meus comentários. Vocês leram a história e podem tirar suas conclusões!

A consciência política começa desde pequenino.

Reproduzido de Ligia Deslandes
22 jul 2012

Comentário de Filosomídia:

Essa linda estória de amizade e solidariedade, e compromisso e amor pela educação entre avó, filho e netos me deixou co-movido...

Lígia, falou e disse, toca numa ferida aberta que não cicatriza...

“Daí, entendo por que os professores da escola básica são tão desvalorizados em seus salários pelos Governos. São eles que irão padronizar as mentes e corações nas crenças despolitizadas, colonizadas e subalternas através das inúmeras mensagens e ensinamentos que se produzem nas escolas. E serão apoiados pelas famílias que produzem em suas casas as mesmas mensagens e os mesmos conhecimentos. Ou não! Daí os conflitos”...

E, fantástica a estória dos Três Porquinhos contatada por seu filho aos netos. Compartilho contigo, Lígia, o orgulho que tive também ao ler o texto. Sim, “juntos podemos mais” e é desse jeito que vamos re-evolucionar o mundo, provocar re-vira-voltas!

Lindo, lindo, co-movente...

Obrigado a vocês e um abraço, um beijo e um pedaço de queijo para seus netos.

(...)

Os Três Porquinhos é um conto de fadas cujos personagens são exclusivamente animais. As primeiras edições do conto datam do século XVIII, porém, imagina-se que a história seja muito mais antiga. Wikipedia

sábado, 21 de julho de 2012

O Grande Dia está amanhecendo... e não estamos mais sós...


O Grande Dia está amanhecendo...

Leo Nogueira Paqonawta

Para Kuichy - Edwin Flores Cevallos


Terra que me recebeu tantas vezes em seu seio,
aqui estou em frente ao abismo do mar
de onde avisto as Estrelas que brilham
indicando os Caminhos e grandes avenidas
serpenteando por entre as Constelações iluminadas...

O frio me enregela até os ossos e, eu nu como vim ao Mundo,
levanto meus braços querendo tocar o pé daquela Cruz
que assinala entre seus braços a Morada de minhas meninices,
lugar de meus sonhos de Criança na minha infância cósmica...

Ali fui simbólica e literalmente crucificado naquele dia memorável,
quando se desenhou nos espaços do céu de agosto
o Portão por onde eu deveria entrar
para chegar até o centro daquele Jardim inesquecível.
Treze luas deram 13 voltas nas cantigas da roda do Sol...

Agora, um ciclo de minhas vidas infinitas se fecha e,
se abre o Outro que fala de esplendores na luta sem fim da rexistência.
Meus pés já quase se levantam onde a areia é beijada pelo mar,
e o abismo É em cima como É em baixo,
e tenho meus sentimentos e pensamentos de gratidão
unidos e traçando uma linha
que se estende daqui até o “Umbligo del Mundo”...

Parte de minha família galáctica se encontra Lá, agora,
na Cidade Dourada erguida pelos Gigantes Filhos da Luz,
nessa noite que fala de Amizade e Alegria,
que canta melancolias e saudades de minha Tribo Celeste...

Seu Filho que tudo enxerga, e tem a Sabedoria e o Amor
como asas do Condor que vê e cuida da humanidade,
voando na vibração da pauta colorida desenhada pelo Arco-Íris
pode agora me sentir e saber, como sei que eu como pequeno Colibri
faço a minha parte nessa Grande Obra de redenção do Mundo...

Kuichy, Sábio Irmão e Amigo de tempos imemoriais,
seu abraço que me levantou do chão naquele Dia de Re-encontro
ainda vibra em meu peito e todo meu ser é chamado a te dar as mãos.

Hoje, o Peabiru se abre em flores para frente e para cima,
e já vou subindo em Alma - Inka –
para acompanhá-los nessa jornada pelo “Caminho dos Justos”
com toda a Alegria de meu ser - Eu, que me fiz PaqoNawta -
tomo o Barco do Destino, navegador das Estrelas
singrando mares, rios, vales e montanhas feito Menino-Estrela
para chegar contigo “às nascentes, aos campos ensolarados”
junto com outros Irmãos e Amigos vindos dos Quatro Cantos do Mundo...

Inspirado pela Paz, feito pequeno passarinho levanto voo
e sorrio confiante ao perceber, lá de cima,
os Andes com seus picos nevados como a coluna vertebral de Pachamama
se aprumando de norte a sul, estalando luzes por todo o continente,
assinalando aqui na Terra o que É escrito Lá,
na Morada dos Deuses, as várias Casas do Pai
no Lar de cada Família de nossos Irmãos mais velhos e sábios ainda...

Céu que me recebeu tantas vezes em seus braços,
deslizo fácil e sorridente nessas vielas e peabirus celestes,
e daqui a pouco pousarei de novo naquela choupana de pedra,
meu recanto de sossego e bem-aventuranças de outras vidas,
entre as escarpas e despenhadeiros nas cercanias da velha Montanha,
sob os cuidados dos Senhores Apus, os Protetores do Fogo Sagrado...

“Nessa noite que precede o ainda indecifrável amanhecer”*,
nessa “noite de ternura”* quando me aproximo do Lago de toda criação,
tremo co-movido enquanto as flores desabrocham em suas margens
aos primeiros raios de Inti brincando de mãos dadas a Mama Killa...
“Marco inicial”, “hora azul da entrega”*, me junto aos que já chegaram,
e nos sentamos, amorosamente, com nossas ofertas em peito aberto
para saudar aqueles que esperávamos há tanto tempo...

Feliz da vida, ao lado da Menina tão querida das Estradas das Geraes
sabemos que, doravante, as horas, os minutos e o segundos
serão vividos na plenitude do serviço junto com Eles: os Ancestrais.
E, cantamos, e doamos uns aos outros, ali, “nosso velho amor”*...

O Grande Dia está amanhecendo... e não estamos mais sós...

Leo Nogueira Paqonawta

Dia da Amizade de 2012
Ilha e Planeta do Desterro...

* Trechos do poema mais lindo nesse mundo "Junto ao Lótus", de Célia Laborne Tavares (Belo Horizonte/MG/Brasil), publicado em “O Quinto Lótus”, disponível no Blog “Vida em Plenitude”.


domingo, 15 de julho de 2012

..."Sussurro de vozes pequenas ou de barquinhos na água"...


Retorno

Célia Laborne Tavares

De repente, aquela ideia esquisita de estar voltando à infância, ou o pensamento, um pouco alarmante, de não haver saído dela.

As palavras ficaram suaves demais, para quem tivesse ao colo o acúmulo dos dias e o resíduo das amarguras que ficam com o correr da vida.

Parecia o pedaço solto de um tempo antigo!

Súbito, um desapego aos desenganos e as derrotas, um desprezo ao medo como a um desconhecido, até mesmo um desejo de vitória, um sorriso de conquista.

E os olhos, trazendo qualquer coisa de puro e infantil, querendo fazer realidade dos sonhos, aprendendo – talvez contigo – a se sentirem vivos e dizerem carícias.

Até as mãos, num aconchego confiante de quem apenas despertou, movem-se.

De repente, aquela saudade do tempo em que não havia sido chamada e apenas flutuava na vida. Quando toda distância era transponível e os caminhos generosos...

Saudade do primeiro contato com a luz e de seu milagre, dos lábios que não sabiam falar, dos olhos que foram nossos, da primeira madrugada sem noite, da alma latente ou da vibração inicial que modelou a vida.

Retorno aos passos de surpresa e de promessa e às notas pianíssima. Ideia esquisita de regresso à infância ou de permanência, por um instante nela, morando entre brinquedos e conhecendo a primeira dádiva. Sussurro de vozes pequenas ou de barquinhos na água.

Segredo espontâneo do gesto e do riso, como se houvesse franqueza em tudo.

De repente – tu não o advinhas? – uma palavra nova, pouco além de um balbucio leve, ou um canto sem rima certa.

E aquele contato de mãos macias, colhendo pétalas, e o beijo terno que não se prolongou no tempo.

Por um momento, apenas o roçar da infância – agora sem saudade – como um regresso secreto ao ponto-de-partida, para uma visão mais clara da meta percorrida e de chegada.

Recebido por e-mail da autora. Visite o seu Blog “Vida em Plenitude” clicando aqui.